“Death proof” trata-se de um filme sobre vingança, no qual Quentin Tarantino, o realizador, concede uma invulgar força ás mulheres, estabelecendo um ritmo crescente, que vai desde os intensos diálogos da primeira parte à intensa acção física da parte final. A violência e o gore assumem aqui um deliberado estilo anos 70, apresentando-nos uma fotografia granulosa, cores gastas, película riscada, mudanças de bobine e cortes propositados na montagem. É de salientar que “Death Proof” foi idealizado para ser apresentado em sessão dupla, juntamente com o filme “Planet Terror” de Robert Rodriguez.
Como já referi, este filme elabora inúmeras referências aos anos 70, quer a nível estético, como comprovamos com a fotografia de Brigitte Bardot cuja pose é imitada por Jungle Júlia; quer a nível cinematográfico, mencionando “Vanishing Point” (1971). Mas, paralelamente a estas referências, Tarantino faz questão de se deslocar de um tempo fixo, mostrando-nos telemóveis e carros figurantes totalmente actuais.
A estrutura do filme divide-se em duas partes, separadas cronologicamente por um período de catorze meses e por dois grupos distintos de jovens mulheres. O primeiro composto por quatro jovens arrogantes com imensa vontade de se divertirem; e o segundo composto também por quatro elementos, mulheres temperamentais decididas a experimentar as potencialidades de um Dodge Challenger R/T de 1970, o modelo usado em “Vanishing Point”.
“Death Proof” é um filme que nos implementa o desejo de parar cada frame e analisar atentamente todos os detalhes, sabendo antecipadamente que todos eles foram pensados com extrema minúcia.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
“Requiem for a dream” – análise/crítica
“Requiem for a dream” é considerado um drama do ano 2000, dirigido por Darren Aronofsky, centrado na descrição de diferentes tipos de vícios, que acabam por conduzir os personagens à entrada num mundo ideal, que é mais tarde devastado pela cruel realidade. Trata-se de uma história moderna, onde se cruzam vivências paralelas de quatro pessoas que decidem procurar uma vida melhor, mas que rapidamente descobrem que será difícil atingir esse objectivo, recusando-se a desistir mesmo quando o destino lhes prega as mais graves partidas.
Neste filme, torna-se bastante perceptível a utilização de montagens de cenas extremamente curtas, apresentando mais de dois mil cortes. Para além desta característica de montagem, é ainda de salientar um outro recurso: a divisão da tela, que confere, juntamente com o curto período de cada cena, um maior dinamismo ao filme. As cenas intensas alternam rapidamente, sendo acompanhadas por uma banda sonora cada vez mais intensa.
“Requiem for a dream” é considerado um dos filmes mais perturbadores sobre o mundo dos viciados. Uma obra totalmente dependente do grafismo e da banda sonora. Um filme que provoca no espectador uma espécie de desconforto face às sensações, sentimentos e angústias vividas pelas personagens. E é esse o seu maior triunfo, levar-nos ao limite.
Neste filme, torna-se bastante perceptível a utilização de montagens de cenas extremamente curtas, apresentando mais de dois mil cortes. Para além desta característica de montagem, é ainda de salientar um outro recurso: a divisão da tela, que confere, juntamente com o curto período de cada cena, um maior dinamismo ao filme. As cenas intensas alternam rapidamente, sendo acompanhadas por uma banda sonora cada vez mais intensa.
“Requiem for a dream” é considerado um dos filmes mais perturbadores sobre o mundo dos viciados. Uma obra totalmente dependente do grafismo e da banda sonora. Um filme que provoca no espectador uma espécie de desconforto face às sensações, sentimentos e angústias vividas pelas personagens. E é esse o seu maior triunfo, levar-nos ao limite.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
“Dogville” – análise/crítica do filme
“Dogville” é um impressionante filme, lançado em 2003 e dirigido por Lars Von Trier, no qual o mesmo assume também a função de operador de câmara. Dogville é o primeiro filme de uma trilogia, centrada nos Estado Unidos da América e designada por “EUA: the land of opportunities”.
Neste filme, Lars Von Trier apostou numa simplicidade de cenários, num “vazio preenchido”, no preenchimento de um “vazio fictício”. Ao abdicar dos cenários e dos adereços, o realizador procurou valorizar o âmago de cada uma das personagens para que o espectador, exteriorizando o “supérfluo” e o “superficial”, pudesse olhar apenas para o que verdadeiramente interessa no seu filme: a desumanidade demonstrada pela humanidade; e para que não se esqueçam que estão a assistir a uma peça de ficção. Do meu ponto de vista, este factor constitui um conceito bastante interessante, na medida em que permite ao espectador criar a imagem de um cenário inexistente e consciencializar-se de que está realmente perante uma ficção. Para além de que acho que se deve salientar o trabalho sonoro que este mesmo conceito implica. Este é um dos factores de maior riqueza do filme.
Apesar de os vários personagens fazerem constantes referências à paisagem ou ao céu, o fundo é infinito, tendo constantes alterações de luz e cor que indicam mudanças de dia e noite, clima e momentos do filme.
Em “Dogville”, Lars Von Trier apresenta uma percepção pessimista da humanidade, onde impera o cinismo, a hipocrisia, a chantagem, a vingança, a mentira e uma visão dogmática. O filme constitui, assim, um retrato exemplar sobre o comportamento humano, a vida em comunidade e a tensão estabelecida entre a escolha individual e a norma colectiva, designando-se então por uma parábola moral. Nele, é feito o retrato da arrogância humana, de pessoas cruéis, mesquinhas e egoístas
Com o visionamento de “Dogville” torna-se também perceptível que o mesmo apresenta diversas influências teatrais, que lhe conferem uma maior riqueza.
Neste filme, Lars Von Trier apostou numa simplicidade de cenários, num “vazio preenchido”, no preenchimento de um “vazio fictício”. Ao abdicar dos cenários e dos adereços, o realizador procurou valorizar o âmago de cada uma das personagens para que o espectador, exteriorizando o “supérfluo” e o “superficial”, pudesse olhar apenas para o que verdadeiramente interessa no seu filme: a desumanidade demonstrada pela humanidade; e para que não se esqueçam que estão a assistir a uma peça de ficção. Do meu ponto de vista, este factor constitui um conceito bastante interessante, na medida em que permite ao espectador criar a imagem de um cenário inexistente e consciencializar-se de que está realmente perante uma ficção. Para além de que acho que se deve salientar o trabalho sonoro que este mesmo conceito implica. Este é um dos factores de maior riqueza do filme.
Apesar de os vários personagens fazerem constantes referências à paisagem ou ao céu, o fundo é infinito, tendo constantes alterações de luz e cor que indicam mudanças de dia e noite, clima e momentos do filme.
Em “Dogville”, Lars Von Trier apresenta uma percepção pessimista da humanidade, onde impera o cinismo, a hipocrisia, a chantagem, a vingança, a mentira e uma visão dogmática. O filme constitui, assim, um retrato exemplar sobre o comportamento humano, a vida em comunidade e a tensão estabelecida entre a escolha individual e a norma colectiva, designando-se então por uma parábola moral. Nele, é feito o retrato da arrogância humana, de pessoas cruéis, mesquinhas e egoístas
Com o visionamento de “Dogville” torna-se também perceptível que o mesmo apresenta diversas influências teatrais, que lhe conferem uma maior riqueza.
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